O subúrbio é um lugar que não existe?

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Texto por
Ana Claudia Souza
Data
29 de novembro de 2014

Para começo de conversa, é bom colocarmos a cadeira na calçada porque aqui, vizinho, o papo é informal. A ideia deste blog é simples: aqui se fala da Zona Norte do Rio de Janeiro. Falaremos do subúrbio carioca. Ou melhor, falaríamos, se ele ainda existisse. Ao menos administrativamente, o subúrbio não está mais entre nós: o Plano Diretor da Cidade divide o Rio em cinco Áreas de Planejamento (AP’s), estas subdivididas em 6 Subprefeituras, que reúnem 33 regiões administrativas, que agrupam os 161 bairros das Zonas Norte, Sul e Oeste. Referência importante na construção do imaginário carioca, e ainda presente na fala de todos nós, a palavra “subúrbio” não é citada uma vez sequer no Plano. E o que será que isso significa? Faz sentido falar de subúrbio carioca ainda hoje? Se sim (ou não), do que exatamente estamos falando? Este post inicial não vai oferecer respostas a essas perguntas, mas apontar para onde podemos caminhar por aqui, levados pelos trilhos da Central do Brasil, da Linha Auxiliar, ou da Leopoldina, que são os grandes definidores do que é (ou do que foi) o subúrbio do Rio de Janeiro. O que se pretende neste percurso é encontrar e falar de e com cariocas – não importa se de nascimento ou adoção – que vivem nessa região onde está concentrada a maior parte da população do Rio de Janeiro, e que à sua maneira tentam fazer dessa uma cidade melhor para se viver.

Nas andanças pela Zona Norte do Rio (ou a AP3, para usar a classificação da Prefeitura) é impressionante a quantidade de iniciativas que vamos percebendo aqui e ali, muitas delas feitas no anonimato, que passam despercebidas no conjunto frenético da cidade, mas que têm um valor imenso, além de serem uma demonstração prática da participação cidadã da qual tanto se fala. Essas iniciativas chamam ainda mais atenção quanto mais desconhecido – ou invisível – é o bairro em que ela acontece. Chegamos, então, a outro ponto importante deste blog: aqui, o interesse é grande pelos bairros “invisíveis” da Zona Norte do Rio de Janeiro, aqueles que parecem fora do mapa da cidade e que, para serem localizados, precisam sempre recorrer ao apoio de um lugar próximo mais conhecido – os famosos bairros “perto de”.

Há algumas páginas espalhadas pela internet que tratam do subúrbio do Rio de Janeiro, boa parte delas com uma boa pitada de nostalgia. A perspectiva histórica, a formação, as mudanças significativas na região são, portanto, temas caros que também vão passar por aqui, fazendo parte do mesmo esforço de reflexão sobre essa parte importante do município do Rio de Janeiro, cujos limites se encontram com vários bairros que integram a Baixada Fluminense. É importante dizer que a perspectiva aqui será (ou tentará) sempre ser a do morador da região que decidiu arregaçar as mangas e tomar a responsabilidade de transformar seu espaço coletivo. A precariedade, a ausência, a falta, as deficiências que fazem parte desta região estarão aqui, mas a intenção desse blog é encontrar e dar visibilidade às iniciativas que partem para a ação, provocando inclusive intervenções importantes na paisagem urbana desses bairros, e que tornam mais concreto aquilo que muitas vezes tratamos de forma mais teórica – e não menos importante –, especialmente quando falamos sobre participação e engajamento do morador nos rumos da cidade em que ele vive.

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