Estações de Trem – a história conta nosso passado em trilhos

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Comunicação Casa
Data
19 de novembro de 2017

O Rio de Janeiro é uma cidade metrópole que desde o século XIX se empenha em conectar seus moradores por meio dos trilhos de trem. A décima edição do Fórum Rio retoma essa tradição das ferrovias, que hoje é muito negligenciada pela administração pública estadual, para reafirmar a necessidade de investir em transporte público de massa. Contamos aqui um pouco da história que ainda há registros sobre as antigas estações de trem da região metropolitana, que possui 12.3 milhões de habitantes distribuídos em 21 municípios. Muitas estações mudaram de nome ou deixaram de existir. Defendemos um Rio Metropolitano repleto de estações de trem funcionando e com investimentos também nos territórios periféricos. A defesa do trem é uma bandeira na pauta de redução das desigualdades territoriais do Rio. Vamos conhecer?

 

Estação Maxambomba – Nova Iguaçu

A estação de Maxambomba foi inaugurada em 1858. Era uma das paradas intermediárias dos trens de passageiros que ia para São Paulo ou Belo Horizonte, além de ser também estação de subúrbio, funcionando assim até hoje. O nome de Maxambomba foi alterado para Nova Iguaçu em 1916. “Em 1951, um desastre seguido de incêndio matou pelo menos 51 pessoas dentro de um trem que estava parado na estação” (Folha da Manhã, 8/6/1951). O prédio da estação atual foi inaugurado em outubro de 1977.

Primeira linha a ser construída pela E. F. Dom Pedro II, que a partir de 1889 passou a se chamar E. F. Central do Brasil, era a espinha dorsal de todo o seu sistema. O primeiro trecho foi entregue em 1858, da estação Dom Pedro II até Belém (Japeri) e daí subiu a serra das Araras, alcançando Barra do Piraí em 1864. Daqui a linha seguiria para Minas Gerais, atingindo Juiz de Fora em 1875. A intenção era atingir o rio São Francisco e dali partir para Belém do Pará. Depois de passar a leste da futura Belo Horizonte, atingindo Pedro Leopoldo em 1895, os trilhos atingiram Pirapora, às margens do São Francisco, em 1910. A ponte ali construída foi pouco usada: a estação de Independência, aberta em 1922 do outro lado do rio, foi utilizada por pouco tempo. A própria linha do Centro acabou mudando de direção: entre 1914 e 1926, da estação de Corinto – MG foi construído um ramal para Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, que acabou se tornando o final da linha principal, fazendo com que o antigo trecho final se tornasse o ramal de Pirapora – MG.

Em 1948, a linha foi prolongada até Monte Azul, final da linha onde havia a ligação com a V. F. Leste Brasileiro que levava o trem até Salvador. Pela linha do Centro passavam os trens para São Paulo (até 1998) até Barra do Piraí, e para Belo Horizonte (até 1980) até Joaquim Murtinho, estações onde tomavam os respectivos ramais para essas cidades. Antes desta última, porém, havia mudança de bitola  na estação de Conselheiro Lafayete.

Na baixada fluminense funcionam os trens de modo precarizado. Entre Japeri e Barra do Piraí havia o “Barrinha”, até 1996, e finalmente, entre Montes Claros e Monte Azul os trens de passageiros sobreviveram até 1996, restos do antigo trem que ia para a Bahia. Em resumo, a linha inteira ainda existe para trens cargueiros.

Maxambomba (corruptela da expressão da língua inglesa machine pump) era um veículo de transporte de passageiros constituído de uma pequena locomotiva, cuja cabine não tinha cobertura e puxava dois ou três vagões, de um ou dois andares.

Com informações de Estações Ferroriárias

 

Inharajá – região de Madureira 

 

A estação de Magno foi inaugurada em 1908, com o nome de Inharajá. Em 1928 já tinha o nome de Magno. Hoje em dia consta com o nome de Mercadão de Madureira, devido à sua proximidade com este mercado.

Na chácara de Dona Clara Simões, foi implantada uma linha férrea circular com 2,50 km de extensão denominada “Circular Dona Clara” (inaugurada em 1897 e desativada no início da década de 1950) que, com estação na atual Praça do Patriarca, servia de acesso às instalações de um grande frigorífico. Nessa época, já cruzava o bairro a Estrada de Ferro Dom Pedro II, depois Central do Brasil, cuja estação de Madureira foi inaugurada em 15 de junho de 1890. A implantação da Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil, depois linha auxiliar, e da estação “Inharajá” – depois Magno (homenageando o engenheiro Alfredo Magno de Carvalho) e atual estação Mercado de Madureira – tornou o bairro um importante eixo ferroviário, remontando à época em que fora ponto de convergência das estradas para Santa Cruz, Jacarepaguá e Irajá.

Fontes: Monumentos do Rio Estações Ferroviárias

 

Maruí – Niterói

Segundo Marcelo Almirante, a inauguração da estação de Santana do Maruí, próxima à orla da baía de Guanabara, no bairro do Barreto, ocorreu em 1871. Foi inaugurada pela Cia. Ferro-Carril Niteroiense. Em 1887, a Leopoldina comprou a empresa e absorveu a linha. A estação funcionou como tal até 1930, quando foi substituída pela estação nova de Niterói, chamada por algum tempo, nos anos 1940, de General Dutra, e da qual está distante cerca de 1,5 KM. Até 1926, quando ocorreu a ligação entre a estação de Barão de Mauá e a linha que ligava Niterói a Campos, a estação era o ponto de partida para os trens que dali saíam no sentido de Campos e de Vitória. Para se chegar a ela vindo do Rio de Janeiro, tomavam-se as barcas para Niterói. Depois, continuou também servindo para isso, mas o movimento diminuiu. Com a construção da estação de General Dutra, diminuiu ainda mais.

O trem contornava, vindo do Rio, dois terços da Baía de Guanabara. A linha foi estendida de Maruí contornando a enseada até chegar à estação nova.

Foto: Manobras da Leopoldina em Maruí, provavelmente anos 1930 (Autor desconhecido).

Fonte: Estações Ferroviárias

 

Lamarão – Duque de Caxias

O ramal de Xerém foi aberto provavelmente já em 1883, com a linha principal da E. F. Rio D’Ouro. Saía da estação de Belford Roxo e seguia até a localidade de Xerém. Passou a transportar passageiros e fechou sua linha em maio de 1969, quando correu o último trem de passageiros.

A parada de Lamarão foi aberta em 1911. Não restou nada mais dela além da natureza que cresceu em volta.

Fonte Estações Ferroviárias

 

Monhangaba – Próximo ao Méier

A chamada Linha Auxiliar foi construída pela E. F. Melhoramentos a partir de 1892 e em 1898 foi entregue o trecho entre Mangueira (onde essa linha e a do Centro se separam) e Entre Rios (Três Rios). O traçado da serra, construído em livre aderência e com poucos túneis, foi projetado por Paulo de Frontin, um dos incorporadores da estrada.

Em 1903, a E. F. Melhoramentos foi incorporada à E. F. Central do Brasil e passou a se chamar Linha Auxiliar. Outras ferrovias foram incorporadas a ela, assim como ramais construídos, dando origem à Rede de Viação Fluminense, que tinha como tronco a Linha Auxiliar, sendo tudo gerido pela Central. Na mesma época, o ramal de Porto Novo, que saía de Entre Rios, teve a sua bitola estreitada para métrica e tornou-se a continuação da Linha Auxiliar até Porto Novo, onde fazia entroncamento com a Leopoldina.

No final dos anos 1950, este antigo ramal foi incorporado à E. F. Leopoldina e a Linha Auxiliar passou a terminar de novo em Três Rios, onde havia baldeação. A linha, entre o início e a estação de Japeri, onde se encontra com a Linha do Centro pela primeira vez, transformou-se em linha de trens de subúrbios, que operam até hoje; da mesma forma, a linha se confunde com a Linha do Centro entre as estações de Paraíba do Sul e Três Rios, onde, devido à diferença de bitolas entre as duas redes, existe bitola mista.

Nos anos 60, toda a linha passou para a Leopoldina. A linha da Auxiliar teve o traçado alterado nos anos 1970 quando boa parte dela foi usada para a linha cargueira Japeri-Arará, entre Costa Barros e Japeri, ativa até hoje, bem como para trens metropolitanos entre o Centro e Costa Barros. Entre Japeri e Três Rios, entretanto, a linha está abandonada desde 1996.

 

A estação de Monhangaba, sem data de inauguração conhecida, chamava-se, em 1928, Chave Zieze. Na atualidade porém, existe outra estação abandonada muito próxima a ela, chamada de Estação Walmart,  localizada entre as estações Del Castilho e Pilares do Ramal de Belford Roxo, construído no ano de 2002, mas que nunca entrou em operação. Assim como tantas outras, a Estação Walmart encontra-se abandonada muito próximo de onde antes ficava a Estação Monhangaba, que foi demolida muitos anos atrás.

Fonte: Estações Ferroviárias

 

Guia de Pacobaíba – Magé

Guia de Pacobaíba também conhecido como Praia de Mauá, é um bairro-distrito de Magé. Foi inaugurada em 30 de abril de 1854 e pertencia às linhas EF Mauá (1854-1878); EF Príncipe do Grão Pará (1878-?); EF Leopoldina (?-1962).

A ocupação da orla da Baía de Guanabara no município de Magé iniciou-se com as primeiras sesmarias que datam ainda no século XVI. Já em meados do século XVII foram construídas as primeiras igrejas-matrizes das freguesias de Magé, Suruí e Guia de Pacobaíba.

No século XVIII elas foram reconstruídas, assim como suas capelas filiais, em torno dos quais se agruparam arruamentos. As igrejas e capelas, construídas a uma certa distância uma da outra, constituíam uma rede. Posteriormente, a abertura das primeiras estradas de ferro vieram conferir novamente animação urbana na orla da baía, preservando sua função de elo entre a cidade do Rio de Janeiro e a região serrana. Atualmente está abandonada.

Fonte: Estações Ferroviárias

 

Sapopemba – Deodoro

A estação foi inaugurada em 1859. De lá parte a linha de Mangaratiba, antigamente chamado de ramal de Angra dos Reis, que passa pela Vila Militar de Realengo. Em 1879, a linha do Centro tinha 22 km de linha dupla, que terminavam exatamente nesta estação.

Ainda no início do século passa a se chamar Deodoro, em homenagem ao proclamador da República Brasileira. O jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição de 26 de setembro de 1907, publicava a notícia: “O Dr. Aarão Reis, director da Estrada de Ferro Central do Brasil, mudará o nome da estação de Sapopemba para o de Marechal Deodoro, por occasião da inauguração dos trabalhos na Villa Militar”.

Em 21 de junho de 1935, houve um grave acidente ferroviário com mortes entre um trem de passageiros e um de subúrbio noticiado no Jornal Noite Illustrada de 22 de junho de 1935.

Ainda hoje é uma estação de trem metropolitano (Supervia) e durante muito tempo foi também uma das estações em que paravam os trens de longo percurso da Central do Brasil.

O prédio da estação hoje é bem diferente e mais sem graça do que o que aparece na fotografia de 1908. Parece ter sido construído um novo durante a eletrificação e um mais novo ainda na remodelação dos suburbios nos anos 1970.

Atualmente em Deodoro – que sempre foi ponto de baldeação – pode-se baldear tanto para a linha de subúrbios que segue para Santa Cruz e como também para Japeri e Paracambi.

Fonte: Estações Ferroviárias

 

Leopoldina – Rio de Janeiro

A Estação Barão de Mauá (também chamada Estação Leopoldina) era uma estação ferroviária que foi inaugurada em 1926 e fechada em 2004, quando tinha seu direito de uso cedido à SuperVia.

A linha que unia o Centro do Rio de Janeiro a Petrópolis e Três Rios, foi construída por empresas diferentes em tempos diferentes. Uma pequena parte dela é a mais antiga do Brasil, construída pelo Barão de Mauá em 1854 e que unia o porto de Mauá (Guia de Pacobaíba) à estação de Raiz da Serra (Vila Inhomirim). O trecho entre esta última e a estação de Piabetá foi incorporada pela E. F. Príncipe do Grão-Pará, que construiu o prolongamento até Petrópolis e Areal entre os anos de 1883 e 1886. Finalmente a estação de Areal foi unida à de Três Rios em 1900, já pela Leopoldina.

 

A estação de Barão de Mauá (Leopoldina), cujo nome homenageou o pioneiro da ferrovia no Brasil, foi inaugurada dezessete anos depois do início das discussões e pedidos de autorização para a sua construção. Desenhada pelo arquiteto escocês Robert Prentice, que projetou também o Palácio da Cidade, sede da prefeitura, em Botafogo.

 

Guaxindiba – São Gonçalo

Guaxindiba é um bairro do município de São Gonçalo, localidade que recebeu esse nome ainda no século XVII, por causa do rio Guaxindiba, o principal rio da cidade. Guaxindiba é uma palavra indígena em Tupi que significa “planta aquática de beira de rios”.

O que mais tarde foi chamada “linha do litoral” foi construída por diversas companhias, em épocas diferentes, empresas que acabaram sendo incorporadas pela Leopoldina até a primeira década do século XX. O primeiro trecho, Niterói-Rio Bonito, foi entregue entre 1874 e 1880 pela Cia. Ferro-Carril Niteroiense, constituída em 1871, e depois absorvida pela Cia. E. F. Macaé a Campos.

São Gonçalo

Em 1887, a Leopoldina comprou o trecho. A Macaé-Campos, por sua vez, havia construído e entregue o trecho entre 1874 e 1875. O trecho seguinte, Campos-Cachoeiro do Itapemirim, foi construído pela E. F. Carangola em 1877 e 1878; em 1890 essa empresa foi comprada pela E. F. Barão de Araruama, que no mesmo ano foi vendida à Leopoldina.

O trecho até Vitória foi construído em parte pela E. F. Sul do Espírito Santo e vendido à Leopoldina em 1907. Nesse mesmo ano, a Leopoldina construiu uma ponte sobre o rio Paraíba em Campos, unindo os dois trechos ao norte e ao sul do rio. A linha funciona até hoje para cargueiros e é operada pela FCA desde 1996. No início dos anos 80 deixaram de circular os trens de passageiros que uniam Niterói e Rio de Janeiro a Vitória.

Fonte: Estações Ferroriárias

 

Jacutinga – Éden / São João de Meriti

A estação foi inaugurada em 1923 com o nome de Jacutinga. Chamou-se, também, nos anos 1930, Itinga. Em 1933, um novo prédio foi entregue, já com o nome de Eden. Desde os anos 1970, quando parte do trecho da linha entre as estações de Barros Filho e de Costa Barros foi utilizado para a construção da linha cargueira Japeri-Arará, as estações que ficavam adiante, entre as quais a de Eden, não eram mais utilizadas para trens de subúrbio. Estes trens, hoje, seguem de Costa Barros e entram no sentido da Pavuna, dali chegando a Belford Roxo.

Estação de Itinga em 1932, que é vista ao fundo, à esquerda (Acervo Luiz Claudio Vieira Lopes)

A antiga estação de Eden, em 2003, ainda estava de pé em sua plataforma, abandonadas há pelo menos trinta anos. Pela antiga estação de Eden não existia mais movimento de trens de subúrbio. A linha cargueira ainda passava junto a ela em 2003, quando o prédio foi fotografado por Carlos Latuff.

Fonte: Estações Ferroriárias

 

Vila estrela – Magé

A Estação Parque Estrela, antes chamada de Parada Meia Noite, pertence ao ramal Guapimirim, antes administrado pela Central até que em maio de 2011 a SuperVia ganhou o direito de operar no Ramal, mudando assim o nome da estação de Parada Meia Noite para Parque Estrela. A estação vem sendo mantida limpa e conservada por usuários do Ramal Guapimirim e mantenedores.

Ruínas Parque Estrela

Fonte: Parque Estrela.wiki

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